sexta-feira, 14 de agosto de 2009

caso de sucesso


Olá família,





hoje, para primeira história desta comunidade. Apresento-vos um dos nossos membros, que partilhou a sua história, que é de sucesso!





Chama-se Anabela, tem 36 anos, é residente em Lisboa e a sua profissão é de empregada doméstica.


Conheci-a através do prograna «as tardes da Júlia» em que o tema era a obesidade, e estava lá uma jovem de 17 anos, obesa à espera de uma cirurgia. A Anabela telefonou para prestar apoio à Soraia e deixou o seu blog.





Fiz uma entrevista à Anabela para vos mostrar que ela acredita nela e consegue os seus objectivos. Fiquem agora a conhecer a entrevista.







1. Com que idade começou a ter os problemas de obesidade?

Sempre me conheci grandona.
Na escola, era sempre a miúda mais alta e mais gorducha.
Mas a obesidade mais grave chegou ali por volta dos 20 anos.


2. Como se sentia consigo própria e perante o olhar das outras pessoas?

Durante a idade escolar, nunca me senti mal. Vivi a minha adolescência com tranquilidade.
Na idade adulta, e quando cheguei aos três dígitos senti-me mal comigo e com os outros.
A minha saúde foi sendo menor. Tive vários problemas de hipertensão, taquicardia, aumento da ansiedade, crises depressivas e no meu maior peso, comecei a ter sintomas de uma moderada incontinência urinária.
Conviver com o olhar das outras pessoas não era fácil, mas procurei abstrair-me disso até um dia...
Ficava magoada mas não ripostava olhares nem comentários, e para aligeirar ainda era capaz de dizer uma piada sobre mim própria para tentar demonstrar aos outros que convivia muito bem com a minha obesidade, o que era mentira.
Sofria imenso por dentro.


3. Acha que foi vitima de preconceito e de alguma forma sofreu com isso?

Fui e todos os obesos que saiam do padrão "socialmente bonitinho, bem feitinho" são vítimas de preconceito e postos à margem.
As pessoas gostam de olhar com maldade e apontar defeitos esquecendo-se que ao apontar um dedo, 4 dedos estão virados pra elas.
Quando fiquei desempregada, não me davam trabalho. Ou porque a vaga já estava preenchida (mas continuavam a atender as entrevistas), ou a farda de serviço não me servia, ou porque não me podiam dar trabalho porque procuravam alguém com outra apresentação, e eu não ia nem suja nem mal vestida... Ou terem-me dito que o meu curriculo era o ideal para as funções que procuravam , porque eu tinha uma larga experiência de 15 anos na área de atendimento ao público ( cessou essa actividade porque a firma fechou) , mas não podiam escolher-me porque eu tinha "uma forte presença" !


4. Quais as dificuldades que encontrava no seu dia-a-dia?

Cansava-me cada vez mais. Tinha imensas dores na coluna, nos joelhos. Isolava-me muito em casa. Não conseguia cruzar as pernas, por exemplo. Não encontrava roupa ao meu gosto e também encontrar roupa grande era tarefa quase impossível.


5. Que achava e sentia cada vez que se olhava no espelho?

Sentia-me mal, mas procurava tirar partido do que era positivo na minha imagem, mas cheguei ao ponto de achar que na minha imagem, não havia nada de agradável e aí olhar ao espelho, era somente quando necessário e quase que "obrigatório". Evitava ao máximo o espelho...


6. Inferiorizava-se a si mesma?

Sim, mas não o suficiente para mudar. Preferia viver escondida no "meu mundo", porque ironicamente me sentia protegida.


7. Tentou dietas saudáveis e dietas "malucas" para combater o seu problema?

Dietas malucas de automedicação, tentei muitas, nenhuma com sucesso visível . Essas dietas mágicas , eu não cumpria mais que 2 ou 3 meses. Os resultados apareciam, mas não conseguia viver dentro dum regime muito restricto na alimentação, e acho que ninguém consegue.
O caminho está na RA, reeducação alimentar, e não nas dietas milimétricas, de X diâmetro para a batara cozida, Y de gramas para o bife, e não sei quantas colheres de arroz.
Acho que o caminho não está aí, na minúcia, no exagero...está na determinação, no empenho e na ajuda especializada.


8. Sentia que não gostava de si?

Completamente. Sentia-me falhar e um tanto perdida...


9. Alguma vez tento automutilar-se para diminuir o sofrimento? Se sim, como?

Não, partindo que se fala em mutilação física que provoca dor, essa não!
Mas "mutilava-me" pela comida, escondia-me nela...
"mutilava-me" ao isolar-me e eu gostava ( e gosto) imenso de conversar, de sair...as pessoas convidavam-me para sair, para ir ao cinema, ao café, e eu castigava-me, nesse isolamento sentido.



10. Quanto é que pesava quando decidiu emagrecer?

136.6 kgs


11. Chegou a pesar mais que isso?

Não. Esse peso foi o fim da linha...



12. O que a fez ter vontade de emagrecer?

Meter um "Basta!!" nessa vida de comer, comer, comer...que tanto sofrimento me causou e que me estava a limitar tanto!
Um dia, após mais uma entrevista de trabalho, a do sr que disse que eu tinha "uma forte presença", liguei o televisor, lavada em lágrimas por mais uma vez ter falhado, com um tabuleiro cheio de comida do mais calórico que havia cá por casa, ouvi "As tardes da Júlia", 11 Fev/08, o tema era a obesidade, "Ja fomos muito gordos"
Pensei desligar, mas fiquei a ouvir e a pessoa que me motivou a emagrecer e me falou ao coração e à razão, foi a Gina Geadas.
Pela primeira vez, ouvia alguém que assumia o seu passado de obesa mórbida e confessava tantos erros alimentares como eu fazia...falava da descriminação que sofrera e que eu estava a passar...do isolamento...e as suas palavras finais para todos os obesos que se sentiam como eu, no fim da linha, foram decisivas!
Coloquei o tabuleiro de parte, pesquisei na net o blog da Gina e procurei ajuda médica e fui em frente!
Afinal, se ela tinha sido capaz de perder 70 kgs que estava eu a fazer sentada num canto a comer sem fazer nada por mim???
Ora se ela foi capaz...eu também sou!


13. Achava que mudar era uma necessidade?

A partir do momento que referi na pergunta anterior, mudar para mim era tão importante como respirar!
Mudar era urgente!


14. Fez alguma cirurgia para ajudar no emagrecimento?

Não.
Não optei pelo caminho mais curto.



15. Qual era a coisa que mais gostava de comer e teve de deixar a muito custo para a perda de peso?

Não deixei de comer nada que gostasse.
Passei foi a comer com regras.
Não dispenso o meu doce semanal.
Como de tudo evito é sobrecargas de farináceos, doces, e evito fritos.
Abuso de frutas e legumes.


16. Quantos quilos conseguiu perder e em quanto tempo?

Em 18 meses, eliminei cerca de 38.5 kgs


17. Hoje em dia como se sente?

Sinto-me muito bem!
Mas ainda tenho um caminho para percorrer.
A luta contra a obesidade é ganha dia após dia.


18. Acha que valeu e vale a pena todo este esforço?

Vale sempre a pena todos os esforços por nós!
Por nós, por uma qualidade de vida maior, pela nossa saúde, pelo nosso sorriso, vale tudo a pena!


19. Sente que todo o peso que tinha marcou-a de alguma forma a nível de saúde?

Todos os sintomas depressivos e cardíacos foram embora com os kilos eliminados.
No entanto, viver aprisionada num corpo pesado no patamar da obesidade mórbida, deixa marcas a nível da coluna, por exemplo...aqueles problemas a nível das vertebras estão cá, mas vivo perfeitamente bem com eles, não vivia bem era com 136.6 kgs!!!!


20. Qual é o peso que acha adequado a si?

O nutricionista falou-me em 70 kgs quando iniciei a minha RA.
No entanto, há uns meses, e como faço desde Outubro/08 exercício físico supervisionado, chegámos à conclusão que 80 kgs é capaz de me "ficarem melhor".


21. Acha que está longe da meta?

Não...eu visito a meta todos os dias.
É importante acreditar que somos capazes, e como eu acredito que sou capaz, acho que não à distância que me assuste nem obstáculo que eu não supere!


22. Que aconselha, a todas as Anabelas?

Há muitas Anabelas e Anabelos por aí.
O primeiro passo é encarar a obesidade de frente.
É um problema superável , não é impossível de ultrapassar!
O segredo é acreditar em nós mesmos.
É mentalizarmo-nos que essa mudança é necessária e urgente.
Se não gostam da imagem que o espelho vos devolve, façam tudo para mudar!
Não desistam! Não desistam de nada na vida, não desistam dos sonhos e principalmente, não desistam de vocês!
Mudar é possível
Se eu consigo, vocês também!
ACREDITEM!









Aqui está a Anabela, depois de perder vários quilos. Quanto a esta entrevista admiro-me como em pleno século XXI a mentalidade das pessoas continue tão fechada. Não é possivel que Portugal continue tão preconteituoso. Mas a Anabela, é a prova de que se acreditar-mos é possivel. Não dêm valor a olhares, risos e comentários alheios. Depositem esse valor em vocês e só em vocês e vão conseguir. A ti, Anabela, desejo-te toda a força do mundo, e obrigada pela participação.

3 comentários:

  1. Olá Dani! Não poderia de vir aqui e dar meu apoio à iniciativa, sobretudo sendo iniciada pela história da Anabela, uma pessoa de ouro! Fico feliz tb em ser a primeira a comentar e espero que muitas mais sigam esse caminho.
    Parabéns e sucesso a todas.

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  2. É, de facto, uma história plena de sucesso, força de vontade.
    Dou à Anabela a minha maior palavra de apreço e apoio. :)
    A verdade é mesmo essa. Se não acreditarmos em nós próprios, quem o fará por nós?
    :)*

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  3. Ola querida !! adorei a iniciativa, assim várias pessoas podem se inspirar...sempre digo a inspiração vem dos outros, mas a motivação vem de dentro.... Acreditar e ser feliz, é a chave do sucesso. Uma beijoka grande !!!

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